Remador incompetente
Uma empresa portuguesa e outra japonesa decidiram desafiar-se todos os anos numa competição de remo.
As duas equipas treinaram duramente, e quando chegou o dia da corrida cada equipa estava no melhor da sua forma.
Dada a partida, a equipa japonesa começou a distanciar-se e completou o percurso rapidamente.
A equipa portuguesa só conseguiu chegar à meta uma hora depois.
Depois da derrota, a equipa lusa estava desanimada.
A Direcção reuniu-se para avaliar as causas de tão desastroso e imprevisto resultado.
Uma cuidadosa avaliação apontou para uma diferença fundamental entre as equipas.
A equipa japonesa era formada por um chefe de equipa e dez remadores enquanto que a equipa lusa era formada por um remador e dez chefes de equipa.
A decisão passou para a esfera do planeamento estratégico, com o objectivo de realizar uma profunda revisão da estrutura organizacional.
No ano seguinte, logo após a largada da competição, a equipa japonesa tomou novamente a dianteira e distanciou-se.
Desta vez, a equipa portuguesa chegou à meta, duas horas depois dos japoneses.
A Direcção reuniu-se para avaliar as causas de novo fracasso.
A análise mostrou os seguintes resultados: a equipa japonesa continuava com um chefe de equipa e dez remadores, enquanto a equipa portuguesa, contava com um chefe de equipa, dois assessores, sete chefes de departamento e um remador.
A conclusão foi unânime: O remador é incompetente !!!
No ano seguinte, o departamento de engenharia pôs em prática um plano destinado a melhorar a produtividade da equipa, com a introdução de mudanças práticas no benchmarking das melhores práticas de gestão. Tais inovações produziriam aumentos significativos de eficiência e eficácia. Com o rightsizing, a reengineering e a value chain analysis, os portugueses, com certeza conseguiriam um turnaround e venceriam os japoneses.
Porém, chegado o dia da competição, o resultado foi novamente catastrófico e, desta vez, a equipa lusa chegou a meta três horas depois dos japoneses.
Novos estudos, reuniões e relatórios. A análise revelou: mantendo a tradição, a equipa japonesa era formada por um chefe de equipa e dez remadores. A equipa portuguesa, por sua vez, utilizou uma formação vanguardista, integrada por um chefe de equipa, dois auditores de qualidade total, um assessor especializado em empowerment, um process owner, um analista de O&M, um engenheiro de navegação, um controller, um chefe de departamento, um controlador de tempo e um remador.
Depois de vários dias de análise, a Direcção resolveu castigar o remador e, para isso, aboliu “todos os benefícios e incentivos em função do fracasso”.
Depois resolveu trocar de remador, mas utilizando um contrato de prestação de serviço sem vínculo, para não terem mais despesas com pessoal, porque “o projecto estava ficando num custo abusivo e não estava dando os resultados esperados”.
by JCM