Livros I

Nestas férias já tive gostos e desgostos

Desgostos- Pânico de Jeff Abbot - tinha adorado "Medo" mas este para mim fica muito aquém e considerei-o uma seca

Neutros - Enquanto Salazar Dormia de Domingos Amaral - começou lento e demasiado arrastado mas melhorou ao longo a história...vale sobretudo pela descrição da Lisboa antiga dos espiões e do glamour em tempo de guerra

Gostos  - Adorei o livro da Helena Sacadura Cabral "Coisas que sei...ou julgo saber"  - não conhecia nem os blogs nem a sua história/percurso e fiquei fã

Claramente um exemplo a seguir neste pântano em que o país se tornou e onde a maioria fica simplesmente à espera não se sabe bem do quê ou de quem; como se esperassem  que alguém decidisse por eles, vivesse por eles, se sacrificasse por eles, trabalhasse por eles...enfim à espera

Um dia partilho algumas frases que me tocaram...

O regresso do Pérolas

A pedido de vários amigos

que criaram o hábito de revisitar os textos do Pérolas

brevemente voltarei a colocá-lo online

Promessa

Não sou pessoa de fazer promessas

quem muito promete pouco cumpre

mas realmente nunca mais tiro férias em Agosto

não neste país

embora adore observar o quotidiano dos portugueses

e ache um mimo frases como " és a minha  top model de trazer por casa" (portuga agarrrado a sua esposa e a olhar para as belas espanholas)

prefiro mais sossego e menos "tiradas espirituais"

Circus

Já no Pérolas por diversas vezes tinha comentado

a obsessão de algumas pessoas pela vida dos outros

e até pela minha que embora igual a tantas outras

é motivo de conversa nos cafés e esplanadas deste país

E fale ou cale as pessoas arranjam sempre tema

é por isso que embora em retiro e sem ninguem saber de mim

mesmo assim se tente saber, adivinhar ou inventar

o que na verdade ninguém sabe

Há uns tempos o Álvaro dizia-me que é por eu ser "enabler"

"make things happen"

e que hoje em dia isso é imperdoável

porque ninguém se quer mexer

ninguém quer mudar nada

simplesmente querem estar

A diferença é intolerável para esta sociedade

sempre foi mas agora mais que nunca

não se perdoa quem diz o que pensa

e quem vive ao segundo

por isso existem dias que a minha vida é um circo

uns porque querem outros simplesmente porque sentem

passa-se uma vida à espera

fala-se demais sente-se de menos

são mais fáceis os estranhos que os íntimos

é mais fácil perder que arriscar

arranja-se culpas e desculpas

mas no fim

seria tudo tão simples se em vez de se publicar

simplesmente se lutasse por aquilo que se diz que se acredita

Enviesamentos

Estar de férias permite-me estar mais atenta

recuperar os meus hábitos de leitura profunda e não apenas dos cabeçalhos

e talvez seja predisposição para mas ao ler a entrevista da Joana Amaral ao i não posso deixar de sorrir com a última resposta...talvez porque conheça bem a sensação e no entanto cada vez mais sinto as mentalidades a mudarem...graças a deus

"...Mas há enviesamentos de género. Quando são os homens a dar uns murros na mesa e a falar com voz grossa aas pessoas valorizam e acham que se trata de uma pessoa com genica e perseverante. Se é uma mulher já é agressiva. A ideia da mulher submissa, de voz mais doce, que baixa a garimpa quando vê um dedo em riste não condiz comigo."

Os irmãos não se falam

No I deste sábado Inês Pereira (especialista em crianças) fala sobre a temática de em criança os irmãos não se falarem e às vezes nem olharem uns para os outros dias a fio.

Conclui que os irmãos não se falam, sentem-se...

Teoricamente quanto mais velhos formos mais nos daríamos...algo semelhante à amizade

O facto é que eu e os meus irmãos passamos semanas ou mesmo meses sem falarmos mas adoro-os muito

não saberia viver sem eles

e o bom é aquela cumplicidade que não se perde pelo contrário com o passar dos anos está cada vez mais viva mais presente... existem coisas que realmente não falamos porque pelo sorriso, pelo olhar sabemos o que o outro está a pensar

Resultado adoramos cada momento cada instante que passamos juntos...porque não são institucionais, nem formais são apenas momentos em que queremos estar juntos

Adoro-vos

a simplicidade brasileira vs a complicação portuguesa

Labiringite = sindroma vertiginoso

delicioso a forma como os brasileiros simplificam tudo

A história é simples - dentro do ouvido temos um labirinto e sempre que alguma coisa acontece a esse labirinto ficamos tontos e com vertigens, logo sofremos de labiringite

fire with fire

It's cold and heaven surrounds you from every direction

'Cause there's someone behind every hand

That you've made a connection

And now we're free to be number one

The morning isn't far away

I had a dream we were holding on

And tomorrow has become today, become today...

simples non sense ...love it

we can be whatever we want to... we just have to want it...but really want it

paper planes

por tantos e tantos motivos

em modo repeat no meu mp3

todo o album

Morte

Já tinha escrito sobre morte no pérolas
mas ela continua e mais presente que nunca
o António disse-nos por fim adeus
o Manuel confronta-se com a sua mortalidade
E cada vez mais tenho uma única certeza
a certeza de que é aqui, agora, já que se vive
que se faz, que se sente
O tempo não passa de um mito
Quanto mais decidimos planos futuros
Menos tempo temos para os viver
E temos que aprender com aqueles que viram mais além
e que têm mais vivências que nós
"Nunca deixar nada por dizer, nada por fazer"
Enquanto meu Professor nunca tive grande empatia com o Manuel
achei-o mesmo arrogante e elitista
Actualmente o Manuel procura encontrar o sentido da vida
que é injusta isso já todos nos tinhamos apercebido
Porque nos rouba pessoas sempre cedo demais
acredito que o Manuel vá vencer este desafio
e confio que o livro que irá publicar
conte não só as experiências "contáveis"
mas também as outras
as histórias daqueles que nada tendo
tudo perderam com uma doença que lhes roubou a vida
Mia Couto escreveu "estar vivo não é viver"
E muitas vezes nós e os outros limitamo-nos a estar vivos
E só nos lembramos de viver quase sempre tarde demais
Por isso aqueles que me criticam por querer viver ao segundo
deixem-se disso
deixem-me viver
e se apenas querem estar vivos ao menos façam o favor de ser felizes

@31/07