As novas amizades
São sempre confusas
Voláteis
Instáveis
As novas amizades
São aquelas que sentimos de forma mais intensa
No bem e no mal
Nas gargalhadas que nos sacam
No frio em que nos deixam quando nos ignoram
As novas amizades são aquele bocado de nós
Que pode ficar ou ir
Que gerará sempre muito “amor e ódio”
Muito “quero-te bem” e “nunca mais me fales”
As novas amizades
Têm de ser cultivadas
Têm de ter o seu tempo na estufa
Dos amores
Regadas com atenção, carinho e um abraço forte
As novas amizades têm que ser especiais
Têm que chegar lá antes das antigas
Têm de se debater com os fantasmas de amizades falsas
passadas
De promessas incumpridas
De dores causadas por quem já não está
O que pedimos às novas amizades é que não sejam iguais às
antigas
Que sejam diferentes
Leves, que nos façam sonhar
Que corram connosco à chuva
Que pulem nas poças connosco
Que se descalcem e corram em direção ao mar
Só porque sim
Porque podemos, porque sabe bem e nos devolve o sorriso
Sim porque às novas amizades exigimos
Que nos tragam um sorriso permanente
Uma gargalhada solta
Um abraço fácil mas forte
E exigimos porque queremos dar
Queremos mostrar o melhor de nós
Queremos deslumbrar
Apresentar magia na forma de um abraço
Queremos saber tudo
Queremos partilhar tudo
Esperar pela cortina descer
Para a sós podermos
Rir e chorar juntos
Às novas amizades queremos dar
Um coração cheio
Uma cabeça inundada de ideias idiotas
Travessuras infantis e frases inconsequentes
Às novas amizades queremos mostrar o nosso melhor lado
Queremos que sintam como são importantes
E que tudo conta
Queremos saber o que fazem e para onde vão
Mesmo sem saber se iremos juntos ou não
Não gostamos de segredos, de ambiguidades
De barreiras e círculos divisórios
Das novas amizades queremos sempre
Um bom dia sonoro
E aquele abraço de saudade
Queremos aquilo que também temos para dar
Em cada dia o começar a sorrir
A rir
A abraçar forte com sentimento de saudade
Das novas amizades queremos que nos perguntem o que temos
Quando o nosso olhar não brilha
Queremos que invadam o nosso espaço
Que nos façam sentir que se preocupam
Queremos aquilo que podemos oferecer
“o que tens”, uma piada fácil
Umas mãos entrelaçadas
E um sorriso que pode voltar
As novas amizades perdem-se quando
O espaço e o tempo ficam largos demais
As novas amizades definham
Quando um sente a falta do outro mas não diz
Quando um sente que quer dizer algo mais
Fazer algo mais
Mas por não saber como
Se afasta, se mantem quieto
E a quietude nas novas amizades é a morte
Porque o que é novo tem que ser sentido
Tem que ser demonstrado
Tem que ser provado
Infiltrado em todos os sentidos
No fundo as novas amizades não deixam de ser novas relações
E como qualquer relação
Será mágica em tudo aquilo que se investir nela
ou causará o dano que o desapego originar