sexta-feira, 30 de março de 2012

o escuro da luz

Existem pessoas que nos querem mal mas que nada do que fazem nos afectam
Existem pessoas que nos querem bem e o mal que nos causam não tem como explicar ou descrever
Há pessoas que nunca mudam
Mesmo quando lhes sai da pele
Mesmo quando se lhes dá outra oportunidade
Vai ser sempre da mesma forma
A dor que causam será perdoável?
Como é que algo tão simples tão fácil pode correr sempre tão mal? 
Saberão essas pessoas o impacto que têm na vida dos outros? 
Mesmo quando se explica
O que pensarão essas pessoas?
O que as leva a agir assim?
Desconhecimento não é
O comportamento humano é previsível
Pelo que a história tende a repetir-se
E num momento no tempo
O paradigma passa a ser
Habituamos-nos nós ou desistimos 
E a decisão tem que ser para sempre
Sendo o sempre o espaço temporal que
Conduz á reinvenção
Que nos faz largar as peles usadas e gastas
E criar novas
E tudo porque existem expectativas
E compromissos
E sentidos
E toda essa panóplia de coisas complicadas que inventámos
Para descrever brilhos e esconder a nossa miséria
A de que somos seres difíceis
Agindo na escuridão 
Do nosso egocentrismo
Não suportamos verdades frontais
Talvez uma meia verdade
Uma verdadezinha suave com elogios à mistura
Para não magoar
E o curioso
é que fazemos isso com os outros
Mas também connosco
De mim para mim
Deixa-me ficar por aqui
Esconder parte
Esquecer o resto
A sociedade quer-se em tons pasteis
A humanidade quer-se leve e sorridente
O resto deixa debaixo do tapete
Ninguém vê ninguém sabe
E quem sente é tolo


@ 29/03

quarta-feira, 14 de março de 2012

E cheguei aos 34

E cheguei aos 34
Se os 33 foram de loucura e non stop
Os 34 tem de ser a sua continuação 
Consolidar escolhas
Abrir novas portas
Deixar para trás o peso das memórias
E ninguém pode fazer isso por nós
O dia de anos e sempre aquela surpresa 
Pessoas que perdemos o contacto mas que nos ligam com aquele carinho especial
Pessoas que mandam a mensagem certa no momento certo
E depois os outros
Os que não estão aqui a fazer nada
Apenas peso na bagagem
Esses é aproveitar e jogar fora
Enquanto existe tempo
Enquanto podemos avançar
Muitos não compreendem
O que me leva a nunca parar 
Parar é ceder
É reconhecer os nossos limites
As nossas fraquezas
É achar que podemos ficar por aqui
Que está bom assim
Contentar-nos com o que temos
É o bom o razoável
E isso é pouco para quem quer tudo
Para quem acredita que viver é conhecer
Aprender, sentir 
 
 
 

Dia 3

Depois de uma noite atribulada com febre e tosse
Fui à Clínica aqui do sítio
Pelo olhar do medico para mim 
Devo ter feito algo errado
Encostei á box por hoje 
Depois de aviar antibióticos, xaropes e outros que tais
Fico aqui quieta no La Cuna 
A esta hora  já passa um chill out magnifico
A serra por estes dias está cheia de militares espanhóis em treino
Mas por agora são a minha única companhia na esplanada
E começam bem o dia
Um cálice de Osborne para cada um
Café com leite é para meninas como eu
queria voltar ao livro
Mas dói-me muito a cabeça e não consigo concentrar-me
Vou tirando fotos

A lua ainda no horizonte

Esplanada do La Cuna



Dia 2

Percebendo ou não subo até á primeira pista
8h manha pela fresquinha
E correndo menos riscos de atropelar alguém
Primeira descida em slow motion
Com as quedas previstas de tal forma
Que dava para sentar suavemente
Tia que é tia não abdica da posse
Segunda descida
Excesso e confiança 
Armada em tia radical
Dei uma queda que deve ter sido
Espectacular e violenta em iguais partes
Não há imagens mas pelo número de pessoas
Que pararam a perguntar se estava tudo bem
Deve ter sido algo digno...
Diagnostico : luxação
Nada demais
Repouso resto do dia
E amanha as oito cá estarei novamente
À tarde espera-me um refugio
Que descobri ontem
Cadeiras cama com sol e um chill-out de fundo
Ontem Rodrigo Lacerda
hoje Milan Kundera
 
PS - para o ano Caraíbas... nunca menos

@ 13/03

Dia 1

Primeiro estranha-se a roupa apertada
As botas a restringirem os movimentos
Sensação claustrofóbica para mim
Depois a pergunta
Qual o pé que vai á frente?
Medo
Tenho de escolher um já?
Seguindo o grupo digo direito
Devia ter-me lembrado que sempre fui do contra
Nada parece natural com o pé direito preso
E as memórias do skate confirmam... 
Para mim é o pé esquerdo á frente
Olha deixa vamos lá prestar atenção
Nada do que me é natural é o correto
Começo bem a travar
É uma coisa natural em mim
Afinal sou maricas
Dizem-me que pareço uma tia na neve
Não ofendem pelo contrário
Mesmo fora do meu "ambiente" 
Mantenho a posse
Após as aulas fico por aqui
A garganta e a tosse começam a cobrar
Próximo objectivo : pistas
 
@ 12/03




Dia 0

Dormi durante o Alentejo
Mas Espanha foi sempre a conduzir
E os outros a dormirem
Gosto assim
Eu a música e a paisagem
Vou derivando os meus pensamentos
Arrumando a casa, registando memórias
E os kms servem de biombo entre a mente e a realidade
 
@ 11/03